quinta-feira, 27 de setembro de 2007

Os meninos que fizeram a morte dançar

Hoje, é dia de Cosme e Damião, os dois irmãos bons e caridosos que realizavam milagres e por isso foram mortos sob a acusação de feitiçaria. Na cultura africana, o culto aos irmãos está associado aos "ibejis".

Diz a lenda que os Ibejis, orixás gêmeos, viviam para se divertir, eram filhos de Oxum e Xangô.

Viviam tocando uns pequenos tambores mágicos que ganharam de sua mãe adotiva, Yemanjá. Nesta época Iku, a morte, colocou armadilhas em todos os caminhos e começou a comer todos os humanos que caiam em suas arapucas.

Homens, mulheres, crianças ou velhos, Iku devorava todos. Iku pegava os seres humanos entes do seu tempo aqui no Aye. O terror se alastrou pelo mundo.

Sacerdotes, bruxos, adivinhos, curandeiros se reuniram, mas foram vencidos também por Iku, e os humanos continuavam a morrer antes do tempo.

Os Ibejis, então, aramaram um plano para deter Iku. Pegaram uma trilha mortal onde Iku preparara uma armadilha, um ia na frente e o outro seguia atrás escondido pelo mato a pouca distancia. O que seguia pela trilha ia tocando seu pequeno tambor e tocava com tal gosto e maestria que a morte ficou maravilhada, e não quis que ele morresse e o avisou da armadilha. Iku se pôs a danças inebriadamente, enfeitiçada pelo som mágico do tambor. Quando um irmão cansou de tocar, sem que a morte percebesse o outro veio tocar em seu lugar. E assim foram se revezando, sem Iku perceber e ela não parava de dançar e a musica jamais cessava.

Iku já estava esgotada e pediu para parar, e eles continuavam tocando para a dança tétrica.

Iku implorava uma pausa para descanso.

Então os Ibejis propuseram um pacto. A musica cessaria mas Iku teria que jurar que tiraria todas as armadilhas.

Iku não tinha escolha, rendeu-se; os gêmeos venceram. Foi assim que ibejis salvaram os homens e ganharam fama de muito poderosos, por que nenhum outro orixá conseguiu ganhar akela peleja contra a morte. Os Ibejis são poderosos, mas os que eles gostam mesmo é de brincar.

Baseado no texto de Reginaldo Prandi, Ifá, o Adivinho. São Paulo, Companhia das Letrinhas, 2002.

2 comentários:

Juan Carlos Rojas disse...

oi

lindo blog

Anônimo disse...

Que linda a lenda *-* adorei.

Ka