sexta-feira, 23 de maio de 2008

Logun Edè é salvo das águas

Logun Edè era filho de Oxóssi com Oxun. Era príncipe do encanto e da magia.

Oxóssi e Oxum eram dois Orixás muito vaidosos. Orgulhosos, eles viviam brigando. A vida do casal estava insuportável e resolveram que era melhor separar.

O filho ficaria metade do ano nas matas com Oxóssi e a outra metade com Oxun no rio. Com isso, Logun se tornou uma criança de personalidade dupla.

Oxun proibiu Logun Edè de brincar nas águas fundas, pois os rios eram traiçoeiros para uma criança de sua idade. Mas Logun era curioso e vaidoso como os pais.

Logun nào obedecia à mãe. Um dia Logun nadou rio adentro, para bem longe da margem. Obá, dona do rio, para vingar-se de Oxum, com quem mantinha antigas brigas, começou a afogar Logun.

Oxum ficou desesperada e pediu a Orunmilá que lhe salvasse o filho, que a amparasse no seu desespero de mãe. Orunmilá que sempre atendia à filha de Oxalá, retirou o príncipe das águas traiçoeiras e o trouxe de volta à terra.

Então deu-lhe a missão de proteger os pescadores e a todos que vivessem das águas doces.
Dizem que Oiá quem retirou Logun Edè da água e terminou de criá-lo juntamente com Ogun.

Notas bibliográficas
Mitologia dos Orixás - Reginaldo Prandi - 2001

Oxossi o caçador de uma flecha só

Olofin era um rei africano da terra de Ifé. Cada ano, na época da colheita, Olofin comemorava, em seu reino, a Festa dos Inhames. Ninguém podia comer dos novos inhames antes da festa.

Chegado o dia, o rei instalava-se no pátio do seu palácio.Suas mulheres sentavam-se à sua direita. Seus ministros sentavam-se à sua esquerda. As pessoas reunidas comiam inhame pilado e bebiam vinho de palma.Elas comemoravam e brincavam.

De repente, um enorme pássaro voou sobre a festa.O pássaro voava à direita e voava à esquerda... Até que veio pousar sobre o teto do palácio. O pássaro causava espanto a todos. Era tão grande que o rei pensou ser uma nuvem cobrindo a cidade. Sua asa direita cobria o lado esquerdo do palácio. Sua asa esquerda cobria o lado direito do palácio. As penas do seu rabo varriam o quintal. E sua cabeça cobria o portal da entrada.

As pessoas, assustadas, comentavam:

— Ah! Que esquisita surpresa!


— Eh! De onde veio este desmancha-prazer?


— Como vamos nos livrar dele?—

Vamos, rápido, chamar os caçadores mais hábeis do reino.Trouxeram o “caçador das vinte flechas”.Ele lançou as vinte flechas, mas nenhuma atingiu o grande pássaro.

O rei mandou prender. Trouxeram o “caçador das quarenta flechas”. Ele lançou as quarenta flechas, mas nenhuma atingiu o pássaro.O rei mandou prender.Apresentou-se o “caçador das cinqüenta flechas”. Lançou suas cinqüenta flechas, e nenhuma atingiu o pássaro.O rei mandou prender.

Finalmente, apresentou-se o “caçador de uma só flecha”. A mãe desse caçador não tinha outros filhos; foi rapidamente consultar o babalaô e saber o que fazer para ajudar seu único filho. O babalaô ensinou-lhe um ebó e umas palavras “bem fortes”. Ela devia dizer três vezes: “Que o peito do pássaro aceite este presente”.Isso foi dito no momento exato em que o caçador atirava sua única flecha. A flecha atingiu o pássaro em pleno peito. O pássaro caiu pesadamente, debateu-se e morreu.

A notícia se espalhou: — Foi Oxóssi, o caçador de uma só flecha, quem matou o pássaro!
O rei deu como recompensa a metade de seu reino. Os três caçadores foram soltos da prisão. O “caçador de vinte flechas” ofereceu a Oxóssi vinte sacos de búzios. O “caçador das quarenta flechas” ofereceu-lhe quarenta sacos. O “caçador das cinqüenta flechas” ofereceu-lhe cinqüenta. E todos cantaram para Oxóssi. O babalaô também juntou-se a eles, cantando e batendo no seu agogô:Oxóssi! Oxóssi! Oxóssi!


Por: Vanda Machado

quinta-feira, 7 de fevereiro de 2008

Oiá inventa o rito funerário do axexê

Vivia em terras de Queto um caçador chamado Odulecê.
Era o líder de todos os caçadores.
Ele tomou por sua filha uma menina nascida em Irá,
que por seus modos espertos e ligeiros era conhecida por Oiá.
Oiá tornou-se logo a predileta do velho caçador,
conquistando um lugar de destaque naquele povo.
Mas um dia a morte levou Odulacê, deixando Oiá muito triste.
A jovem pensou numa forma de homenagear o seu pai adotivo.
Reuniu todos os instrumentos de caça de Odulecê
e enrolou-os num pano.
Também preparou todas as iguarias que ele tanto gostava de saborear.
Dançou e cantou por sete dias,
espalhando por toda parte, com seu vento, o seu canto,
fazendo com que se reunissem no local todos os caçadores da terra.
Oiá embrenhou-se mata adentro
e depositou ao pé de uma árvore sagrada
os pertences de Odulacê.
Olorum, que tudo via,
emocionou-se com o gesto de oiá
e deu-lhe o poder de ser a guia dos mortos no caminho do Orum.
Transformou Odulacê em orixá
e Oiá na Mãe dos espaços dos espíritos.
Desde então todo aquele que morre
tem seu espírito levado ao Orum por Oiá.
Antes, porém, deve ser homenageado por seus entes queridos,
numa festa com comidas, canto e danças.
Nasceu assim o funerário ritual do axexê.

(Mitologia dos Orixás,2001,pp.311)

quinta-feira, 17 de janeiro de 2008

O Patinho Feio


Era verão quando nasceu o Patinho Feio. Surgiu de dentro de um ovo tão grande que todos pensaram tratar-se de um ovo de peru que por acaso caíra num ninho de pata.

- Que pato mais feio! - Ouvia ele quando sua mãe o levava pelo quintal. As outras aves riam, caçoavam de seu tamanho e tentavam bicá-lo.

Todos os patos acham aquele patinho branco, muito feio. Não parece pato não! - Dizia uma galinha carijó. O galo então, estava muito admirado do tal patinho.

O patinho feio era desajeitado, como ele só. Não conseguia nadar. Afundava a todo momento.

Os irmãos tinham vergonha dele e gritavam-lhe:
- Vá embora porque é por tua causa que todos estão olhando para nós!

O Patinho Feio, sentia-se tão infeliz e mal querido que resolveu fugir. Atravessou a mata e encontrou alguns patos-selvagens.

- Como você é feio! - disseram-lhe também.

Mas aceitaram sua companhia, contanto que ele jamais se casasse com uma pata-selvagem.

O Patinho Feio não queria se casar. Desejava apenas um lugar para ficar. Decidiu partir novamente, aceitando um convite dos gansos que o chamaram para voar.

- Você é feio demais! - comentaram os gansos.
- Você é tão feio que acabamos gostando do seu jeito.

Mas, antes que o Patinho Feio alçasse vôo, seus novos amigos foram mortos por caçadores e ele se viu só mais uma vez.

No final do outono, o Patinho Feio foi parar na casa de uma camponesa. E de novo foi obrigado a partir. A camponesa desejava uma pata que botasse ovos e não um patinho branco, desengonçado como ele.

Durante o frio do inverno, o Patinho Feio, solitário e desamparado, quase morreu, mas foi salvo por um camponês e sua família. Só que aquele também não se tornaria o seu lar, porque os filhos do camponês nunca paravam de atormentá-lo.

Quando chegou a primavera, cansado e triste, o Patinho Feio avistou as aves mais lindas que já encontrara na vida. Eram cisnes que nadavam num rio.

Aproximou-se e, pela primeira vez, olhou para as águas e viu seu reflexo. Descobriu que era um cisne como eles. Por um instante lembrou-se do tempo em que era maltratado e perseguido. Depois, moveu as asas que brilhavam sob o sol e, também pela primeira vez, sentiu-se feliz.

Oxalá - O grande orixá

Oxalufan (Oxalá velho) era um rei muito idoso. Um dia, sentindo saudades do filho xangô, resolveu visitá-lo. Como era costume na terra dos orixás, consultou um babalaô para saber como seria a viagem. Este recomendou que não viajasse.

Mas, se o orixá teimasse em ver o filho, foi instruído a levar três roupas brancas e limo da costa (pasta extraída do caroço de dendê) e fazer tudo o que lhe pedissem assim como, jamais revelar sua identidade em qualquer situação.

Com essas precauções, o orixá partiu e, no meio do caminho encontrou Exu Elepô, dono do azeite-de-dendê, sentado a beira da estrada, com um pote ao lado. Com boas maneiras, ele pediu a Oxalufan que o ajudasse a colocar o pote nos ombros. O velho orixá, lembrando as palavras do babalaô, resolveu auxiliá-lo; mas Exu Elepô, que adora brincar. Derramou todo o dendê sobre Oxalufan.

O orixá manteve a calma, limpou-se no rio com um pouco do limo, vestiu outra roupa e seguiu viagem. Mais adiante encontrou Exu Onidu, dono do carvão e Exu Aladi, dono do óleo do caroço de dendê. Por duas vezes mais, foi vitima dos brincalhões e procedeu como da primeira vez, limpando-se e vestindo roupas limpas, continuando sua caminhada rumo ao reino de xangô.

Ao se aproximar das terras do filho, avistou um cavalo que conhecia muito bem, pois presenteara Xangô com o animal tempos atrás. Resolveu amarrá-lo para levá-lo de volta, mas foi mal interpretado pelos soldados, que julgaram-no um ladrão. Sem permitir explicações, e Oxalufan lembrando do conselho do babalaô de manter segredo de sua identidade, nada reclamou...

Eles espancaram o velho ate quebrar seus ossos e o arrastaram para a prisão. Usando seus poderes, Oxalá fez com que não chovesse mais desse dia em diante; as colheitas foram prejudicadas e as mulheres ficaram estéreis.

Preocupado com isso, Xangô consultou seu babalaô e este afirmou que os problemas se relacionavam a uma injustiça cometida sete anos antes, pois um dos presos fora acusado de roubo injustamente. O orixá dirigiu-se a prisão e reconheceu o orixá. Envergonhado, ordenou que trouxessem água para limpá-lo e, a partir desse dia, exigiu que todos no reino se vestissem de branco em sinal de respeito ao orixá, como forma de reparar a ofensa cometida.

É por isso que em todos os terreiros do Brasil comemora-se as águas de Oxalá, cerimônia na qual todos os participantes vestem-se de branco e limpam seus apetrechos com profunda humildade para atrair a boa sorte para o ano todo.

terça-feira, 15 de janeiro de 2008

Minha Fé

Eu tenho um santo Padroeiro, poderoso Que é meu pai Ogum
Eu tenho
Tenho outro santo
Que me ampara na descida
Que é meu pai Xangô
Caô
E quem me ajuda
No meu caminhar nessa vida
Pra ir na corrida do ouro
É Oxum, é Oxum
Nas mandingas que a gente não vê
Mil coisas que a gente não crê
Valei-me, meu pai, atotô,
Obaluaê Obaluaê
Por isso que a vida que eu levo é beleza
Não tenho tristeza
Só vivo a cantar, cantar
Cantanto transmito alegria
E afasto qualquer nostalgia
Pra lá, sei lá
E pra quem diga
Que esta minha vida
Não é vida para um ser humano viver
Podes crer
E nas mandingas que a gente não vê
Mil coisas que a gente não crê
Valei-me, meu pai, atotô, Obaluaê


Zeca Pagodinho

sexta-feira, 4 de janeiro de 2008

Seja bem vindo 2008


Mais um ano e nós aqui firmes. Cada um com suas crenças, seus sonhos, suas diferenças e tolerância, lutando a seu modo por uma humanidade melhor.

Quero agradecer o privilégio de esta com vocês no mesmo barco celebrando a vida e a tolerância religiosa.
AXÉ!!!!