Quando comecei a escrever sobre a III Caminhada do Povo de Santo pela Vida e Liberdade Religiosa não me dei conta da dimensão do universo com que eu estava me envolvendo. Só pude perceber a complexidade do fato quando sentei em frente ao computador para escrever o tal texto. Pensava, pensava, pensava e nada. Foi tanta coisa que vi e ouvi que não sabia nem por onde começar.
Pois bem. Como boa filha de Oxum, que prefere contornar habilmente um obstáculo a enfrentá-lo diretamente, fui dormir. Na tarde do outro dia, com a cabeça mais arejada, resolvi escrever.
Na cidade com 371 igrejas e mais de 1,2 mil terreiros, a fé se mistura. Na cidade mais negra fora da África os seguidores da religião de origem africana ainda se sentem descriminados.
A III Caminhada do Povo de Santo pela Vida e Liberdade Religiosa reuniu pessoas de todo o País que lutam pela liberdade e respeito pelas práticas religiosas de matrizes africanas, no Mês de celebração da Consciência Negra, marcado pelo 20 de novembro.
No bairro do Engenho Velho da Federação, o povo de santo saúda os orixás e pedem aos seus antepassados que os abençoe, todos vestidos de brancos. Baianas, Ialorixás, Babalorixás e filhos de santos ganham as ruas do bairro e defendem também o Estatuto Estadual da Promoção da Igualdade Racial. Marcos Rezende, organizador do evento, afirma que não é só uma caminhada de um determinado grupo, mas é também uma caminhada do povo de santo brasileiro que, além de fazer um ato religioso, percebe que precisa de uma ação política efetiva para garantir os direitos institucionais.
O momento histórico da caminhada foi em frente ao terreiro Ilê Axé Iyá Nassô Oká conhecido como Casa Branca, onde mães, pais e filhos de santos de diversos estados brasileiros se reuniram em um ato pela paz, com soltura de pombas brancas.
Durante a caminhada, líderes religiosos de distintos estados do Brasil, a exemplo de mãe Beata de Yemanjá, Ialorixá de um terreiro do Rio de Janeiro que, em entrevista para a TV Educativa (TVE), protestou contra a intolerância religiosa afirmando que “nós, afros-descendentes, nosso povo que pra aqui chegou no fundo de tumbeiros fedidos, fomos nós que construímos essa nação a qual eles agora dizem que é laico. Laico porque?! É laico para o bolsos deles, mas para nós não é laico, por que a todo momento nós somos agredidos ” (sic).
Com cânticos e danças que lembram os costumes dos nossos antepassados africanos, o povo de santo caminhou em direção ao Dique do Tororó, considerado local sagrado para os adeptos do candomblé, onde aconteceu um abraço simbólico. Pai Agenor de Santana, babalorixá, explica o motivo da escolha do Dique do Tororó, “Abraçar o Dique é receber a força das águas, a força dos orixás. Isso é a prova de que as energias que nos une é muito mais forte da que nos tenta separar. Costuma-se falar que o povo de santo, o povo de axé, não é um povo unido, mas essa é uma mostra que nós trazemos às ruas e avenidas de Salvador. O candomblé não cabe mais dentro dos portões dos terreiros”.
Pois bem. Como boa filha de Oxum, que prefere contornar habilmente um obstáculo a enfrentá-lo diretamente, fui dormir. Na tarde do outro dia, com a cabeça mais arejada, resolvi escrever.
Na cidade com 371 igrejas e mais de 1,2 mil terreiros, a fé se mistura. Na cidade mais negra fora da África os seguidores da religião de origem africana ainda se sentem descriminados.
A III Caminhada do Povo de Santo pela Vida e Liberdade Religiosa reuniu pessoas de todo o País que lutam pela liberdade e respeito pelas práticas religiosas de matrizes africanas, no Mês de celebração da Consciência Negra, marcado pelo 20 de novembro.
No bairro do Engenho Velho da Federação, o povo de santo saúda os orixás e pedem aos seus antepassados que os abençoe, todos vestidos de brancos. Baianas, Ialorixás, Babalorixás e filhos de santos ganham as ruas do bairro e defendem também o Estatuto Estadual da Promoção da Igualdade Racial. Marcos Rezende, organizador do evento, afirma que não é só uma caminhada de um determinado grupo, mas é também uma caminhada do povo de santo brasileiro que, além de fazer um ato religioso, percebe que precisa de uma ação política efetiva para garantir os direitos institucionais.
O momento histórico da caminhada foi em frente ao terreiro Ilê Axé Iyá Nassô Oká conhecido como Casa Branca, onde mães, pais e filhos de santos de diversos estados brasileiros se reuniram em um ato pela paz, com soltura de pombas brancas.
Durante a caminhada, líderes religiosos de distintos estados do Brasil, a exemplo de mãe Beata de Yemanjá, Ialorixá de um terreiro do Rio de Janeiro que, em entrevista para a TV Educativa (TVE), protestou contra a intolerância religiosa afirmando que “nós, afros-descendentes, nosso povo que pra aqui chegou no fundo de tumbeiros fedidos, fomos nós que construímos essa nação a qual eles agora dizem que é laico. Laico porque?! É laico para o bolsos deles, mas para nós não é laico, por que a todo momento nós somos agredidos ” (sic).
Com cânticos e danças que lembram os costumes dos nossos antepassados africanos, o povo de santo caminhou em direção ao Dique do Tororó, considerado local sagrado para os adeptos do candomblé, onde aconteceu um abraço simbólico. Pai Agenor de Santana, babalorixá, explica o motivo da escolha do Dique do Tororó, “Abraçar o Dique é receber a força das águas, a força dos orixás. Isso é a prova de que as energias que nos une é muito mais forte da que nos tenta separar. Costuma-se falar que o povo de santo, o povo de axé, não é um povo unido, mas essa é uma mostra que nós trazemos às ruas e avenidas de Salvador. O candomblé não cabe mais dentro dos portões dos terreiros”.
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