quinta-feira, 7 de fevereiro de 2008

Oiá inventa o rito funerário do axexê

Vivia em terras de Queto um caçador chamado Odulecê.
Era o líder de todos os caçadores.
Ele tomou por sua filha uma menina nascida em Irá,
que por seus modos espertos e ligeiros era conhecida por Oiá.
Oiá tornou-se logo a predileta do velho caçador,
conquistando um lugar de destaque naquele povo.
Mas um dia a morte levou Odulacê, deixando Oiá muito triste.
A jovem pensou numa forma de homenagear o seu pai adotivo.
Reuniu todos os instrumentos de caça de Odulecê
e enrolou-os num pano.
Também preparou todas as iguarias que ele tanto gostava de saborear.
Dançou e cantou por sete dias,
espalhando por toda parte, com seu vento, o seu canto,
fazendo com que se reunissem no local todos os caçadores da terra.
Oiá embrenhou-se mata adentro
e depositou ao pé de uma árvore sagrada
os pertences de Odulacê.
Olorum, que tudo via,
emocionou-se com o gesto de oiá
e deu-lhe o poder de ser a guia dos mortos no caminho do Orum.
Transformou Odulacê em orixá
e Oiá na Mãe dos espaços dos espíritos.
Desde então todo aquele que morre
tem seu espírito levado ao Orum por Oiá.
Antes, porém, deve ser homenageado por seus entes queridos,
numa festa com comidas, canto e danças.
Nasceu assim o funerário ritual do axexê.

(Mitologia dos Orixás,2001,pp.311)

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