quinta-feira, 17 de janeiro de 2008

Oxalá - O grande orixá

Oxalufan (Oxalá velho) era um rei muito idoso. Um dia, sentindo saudades do filho xangô, resolveu visitá-lo. Como era costume na terra dos orixás, consultou um babalaô para saber como seria a viagem. Este recomendou que não viajasse.

Mas, se o orixá teimasse em ver o filho, foi instruído a levar três roupas brancas e limo da costa (pasta extraída do caroço de dendê) e fazer tudo o que lhe pedissem assim como, jamais revelar sua identidade em qualquer situação.

Com essas precauções, o orixá partiu e, no meio do caminho encontrou Exu Elepô, dono do azeite-de-dendê, sentado a beira da estrada, com um pote ao lado. Com boas maneiras, ele pediu a Oxalufan que o ajudasse a colocar o pote nos ombros. O velho orixá, lembrando as palavras do babalaô, resolveu auxiliá-lo; mas Exu Elepô, que adora brincar. Derramou todo o dendê sobre Oxalufan.

O orixá manteve a calma, limpou-se no rio com um pouco do limo, vestiu outra roupa e seguiu viagem. Mais adiante encontrou Exu Onidu, dono do carvão e Exu Aladi, dono do óleo do caroço de dendê. Por duas vezes mais, foi vitima dos brincalhões e procedeu como da primeira vez, limpando-se e vestindo roupas limpas, continuando sua caminhada rumo ao reino de xangô.

Ao se aproximar das terras do filho, avistou um cavalo que conhecia muito bem, pois presenteara Xangô com o animal tempos atrás. Resolveu amarrá-lo para levá-lo de volta, mas foi mal interpretado pelos soldados, que julgaram-no um ladrão. Sem permitir explicações, e Oxalufan lembrando do conselho do babalaô de manter segredo de sua identidade, nada reclamou...

Eles espancaram o velho ate quebrar seus ossos e o arrastaram para a prisão. Usando seus poderes, Oxalá fez com que não chovesse mais desse dia em diante; as colheitas foram prejudicadas e as mulheres ficaram estéreis.

Preocupado com isso, Xangô consultou seu babalaô e este afirmou que os problemas se relacionavam a uma injustiça cometida sete anos antes, pois um dos presos fora acusado de roubo injustamente. O orixá dirigiu-se a prisão e reconheceu o orixá. Envergonhado, ordenou que trouxessem água para limpá-lo e, a partir desse dia, exigiu que todos no reino se vestissem de branco em sinal de respeito ao orixá, como forma de reparar a ofensa cometida.

É por isso que em todos os terreiros do Brasil comemora-se as águas de Oxalá, cerimônia na qual todos os participantes vestem-se de branco e limpam seus apetrechos com profunda humildade para atrair a boa sorte para o ano todo.

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